segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Artilharia da Copa do Mundo de 2022

Boa noite a todos e a todas.

Mais uma Copa do Mundo virou história e este torneio marcou não só por um dos finais mais épicos da história das Copas com a artilharia sendo decidida somente na prorrogação, como também pelo alto número de gols e pela volta de uma classe considerada extinta no futebol, a dos pontas autênticos que partem em velocidade entortando laterais antes de cruzar ou chutar a gol.

Tivemos enfim o sonho argentino ser realizado depois de 36 anos de espera com uma campanha dramática e quase sempre no fio da navalha, mas teve Messi com uma gana jamais vista. Talvez por ser a última chance de ser campeão, ele jogou como nunca e comandou a equipe no mesmo estilo de Diego Maradona rumo a taça. Despediu-se com honras e com a certeza de ter colaborado no surgimento de uma nova geração de jogadores que brilharão nas próximas copas o suficiente para manter a Argentina sempre nas cabeças. Nunca subestime uma grande força...

Os franceses, apesar da derrota nos pênaltis, tiveram a certeza de que tem um craque capaz de levá-los ainda mais longe, Mbappé. Ele tem só 23 anos e já fez muita história nas suas duas participações até agora. Será o grande líder de uma seleção com bons valores pro futuro. A glória ainda os espera...

Outras gratas surpresas foram a Croácia que não se esperava nada de um time envelhecido mas tinha um Modric em estado de graça e o Marrocos que levou pela primeira vez uma seleção de etnia árabe e a África a ficar entre os quatro primeiros graças a uma campanha fantástica onde revelou não só um grande técnico (Regragui) como também grandes jogadores (Amrabat, Ounahi, Ziyech, Saiss e até o próprio En-Nesyri) que certamente repetirão suas boas atuações em 2026. Olho neles no próximo ciclo...

Tivemos também a Inglaterra que mostrou jovens jogadores de valor como Saka, Rashford e Bellingham que certamente voltarão a brilhar em 2026, a Austrália que mostrou ser bem organizada vendendo caríssimo a derrota para a Argentina, o Japão que conseguiu a proeza de terminar em primeiro num grupo fortíssimo e só caiu nos pênaltis para os croatas e até mesmo o Canadá que apesar de fazer uma campanha considerada fraca, mostrou ser um bom time que tem tudo pra brilhar em 2026 onde será uma das anfitriãs. Bons presságios para os Canucks...

Falamos das surpresas, agora vamos para as decepções que incluo aqui o Brasil de uma maneira mais leve. Até jogou bem essa Copa, o problema foi um misto de prioridades erradas como dancinhas e outras coisas mais, a falta de ousadia do técnico Tite em não fazer substituições necessárias para melhorar o time e o azar de perder dois laterais esquerdos e um atacante por lesão. Se o Brasil quiser voltar a ser campeão, vai ter que mudar muita coisa desde a atitude em campo e o comprometimento dos jogadores extracampo. Ou seja, o trabalho será bem árduo aqui...

Porque tivemos outras seleções que tiveram uma decepção bem mais pesada como por exemplo a dupla da península ibérica (Portugal e Espanha). Embora os portugueses tenham chegado as quartas-de-final, tiveram atuações pífias na maior parte do tempo só tendo um espasmo na goleada de 6 x 1 sobre a Suíça e ficaram marcados pelo incidente com Cristiano Ronaldo que brigou com o técnico e acabou no banco de reservas. Pra um jogador como ele, foi um fim patético a sua história em Copas do Mundo apesar de ser o primeiro a marcar gols em cinco Copas seguidas. São os sinais também de um adeus do futebol que não tarda a chegar...

Os espanhóis foram ainda pior. Fizeram uma fase de grupos horrorosa e por alguns minutos ficou de fora das oitavas só sendo salvos pela Alemanha (outra decepção que poderia ter feito um pouco mais nesta Copa). Não era de se admirar que foram merecidamente eliminados pelos marroquinos. O que esperar de um time que toca, toca e não finaliza a gol? Nada além disso. O pessoal tem que entender que futebol é botar a bola na casinha, em outras palavras é a finalização que importa, não a posse de bola. Além de uma lentidão irritante, é claro...

E o Uruguai, hein? Tudo bem que tivemos pênaltis meio que suspeitos, mas são erros que fizeram justiça a um time totalmente perdido em campo e um técnico igualmente teimoso que insistiu em não colocar Cavani e Suarez juntos como nas Copas anteriores além de colocar tardiamente De Arrascaeta pra jogar. Tem bons valores pra 2026, mas um péssimo técnico que precisará evoluir muito. Complicadas as coisas aqui...

Tivemos ainda a Bélgica que veio toda cheia de banca e só acabou fazendo um mísero golzinho em três partidas. Contra a Croácia foi um caminhão de chances perdidas que custou a vaga pras oitavas e provavelmente a despedida de meio mundo daquele time que tanto brilhou em 2018. Se perdeu pelo caminho...

E a Dinamarca que chegou bem cotada e foi surpreendida não só pela Austrália mas por sua própria falta de organização ofensiva. Sem centroavante não dá, né...

Depois destas pinceladas todas, vamos aos artilheiros desta Copa.

8 Gols: Mbappé (França)

7 Gols: Messi (Argentina)

4 Gols: Julian Alvarez (Argentina) e Giroud (França)

3 Gols: Richarlison (Brasil); Enner Valencia (Equador); Morata (Espanha); Gakpo (Holanda); Rashford e Saka (Inglaterra) e Gonçalo Ramos (Portugal)

2 Gols: Fullkrug e Havertz (Alemanha); Al-Dowsari (Árábia Saudita); Goodwin (Austrália); Neymar (Brasil); Aboubakar (Camarões); Cho Gue-Sung (Coréia do Sul); Ferran Torres (Espanha); Kudus (Gana); Weghorst (Holanda); Harry Kane (Inglaterra); Taremi (Irã); Doan (Japão); En-Nesyri (Marrocos); Lewandowski (Polônia); Bruno Fernandes e Rafael Leão (Portugal); Mitrovic (Sérvia); Embolo (Suiça) e De Arrascaeta (Uruguai)

1 Gol: Gnabry e Gundogan (Alemanha); Al-Shehri (Arábia Saudita); Di Maria, Enzo Fernandez,  Mac Allister e Molina (Argentina); Duke e Leckie (Austrália); Batshuayi (Bélgica); Casemiro, Lucas Paquetá e Vinicius Júnior (Brasil); Casteletto e Choupo-Moting (Camarões); Alphonso Davies (Canadá); Mohammed Muntari (Catar); Hwang Hee-Chang, Kim Goung-Hwon e Paik Seung-Ho (Coréia do Sul); Fuller, Tejeda e Vargas (Costa Rica); Gvardiol, Livaja, Majer, Orsic, Perisic e Bruno Petkovic (Croácia); Andreas Christensen (Dinamarca); Caicedo (Equador); Asensio, Dani Olmo, Gavi e Carlos Soler (Espanha); Pulisic, Timothy Weah e Wright (Estados Unidos); Kolo Muani, Rabiot, Tchouameni e Théo Hernandez (França); Gareth Bale (Gales); André Ayew, Bukari e Salisu (Gana); Blind, De Jong, Depay, Dumfries e Klaassen (Holanda); Bellingham, Foden, Grealish, Henderson e Sterling (Inglaterra); Rezaeian e Roozbeh (Irã); Asano, Maeda e Tanaka (Japão); Abouklhal, Dari, Saiss e Ziyech (Marrocos); Luís Chavez e Martín (México); Zielinski (Polônia); Cristiano Ronaldo, João Félix, Pepe, Raphael Guerreiro e Ricardo Horta (Portugal); Dia, Diedhiou, Dieng e Koulibaly (Senegal); Milinkovic-Savic, Pavlovic e Vlahovic (Sérvia); Akanji, Freuler e Shaqiri (Suíça) e Khazri (Tunísia)

Gol Contra: Aguerd (Marrocos) a favor do Canadá

Curiosidades: Foram marcados 172 gols nesta Copa, o maior número de gols na história das Copas, mas a média foi de 2,6 por partida. O alto número de empates por 0 x 0 também ajudou a cair a média de gols, foram sete ao todo na fase de grupos com quatro deles apenas na primeira rodada, a pior desde 1982. Uma pena não ter a média aumentado tanto...

Canadá e Catar marcaram seus primeiros gols em Copas do Mundo e Lewandowski e Messi marcaram os gols 2600 e 2700 da história das Copas contra Arábia Saudita e Holanda respectivamente. Coisa de craques...

A Espanha fez seu centésimo gol em Copas do Mundo tendo Dani Olmo a honra de ter marcado contra a Costa Rica na goleada de 6 x 1. O problema é que o pessoal gastou os gols tudo ali...

Com relação aos hat-tricks foram apenas dois, o de Gonçalo Ramos que fez três contra a Suíça e o mais histórico deles, o de Mbappé que fez três gols na final contra a Argentina sendo o segundo a fazer isso em Mundiais depois de Geoff Hurst em 1966 contra a Alemanha. A diferença é que o hat-trick de Mbappé foi o primeiro genuíno da história das Copas, já que é bom sempre lembrar que um dos gols do inglês foi o famoso gol-fantasma onde a bola nunca entrou. A do francês todas entraram...

E assim, chegamos ao fim de mais um trabalho sobre Copas do Mundo.

Agradeço aos leitores e leitoras fieis por terem acompanhado esta empreitada do início ao fim.

Obrigado por tudo e até a próxima.             

Um comentário:

Dominik disse...

Sua postagem ressoou profundamente em mim. Obrigado por suas palavras atenciosas.