sábado, 8 de maio de 2010

Artilharia da Copa do Mundo de 1986

Olá, pessoal!!!

Seguindo nossa série, chegamos novamente ao México para a Copa de 1986. Uma copa que teve uma sensação de deja vu.

Os mexicanos foram muito felizes e privilegiados. Felizes porque viram as melhores atuações até hoje de sua Seleção e privilegiados por ter assistido de perto o auge de dois dos maiores craques de todos os tempos, Pelé e Maradona.

Lembram da redenção que falei no post anterior? Pois bem, essa redenção veio e em grande estilo. Maradona praticamente fez de tudo: armou, lançou, chutou, marcou gols importantes e decidiu jogos encarniçados. A Inglaterra que o diga, vítima da "Mano de Dios" malandra do argentino no primeiro gol e o mais belo gol de todas as Copas do Mundo no segundo (opinião minha), onde arrancou do meio-campo, driblou meio time inglês, deixou o Peter Shilton no chão e botou a bola na rede. E sem falar que tinha jogadores bons ao seu lado, como Burruchaga e Valdano, por exemplo, para ajudá-lo na conquista.

Conquista que foi valorizada mais ainda pelo fato de fazer com a Alemanha Ocidental uma das finais mais empolgantes da história das Copas. Nesse jogo, a Argentina saiu na frente com dois gols de vantagem, a Alemanha Ocidental empatou o jogo com o Rummenigge com uma perna só (estava contundido) e a Argentina marcou o gol do título no finzinho do jogo com o Burruchaga. Um dos jogos inesquecíveis, sem dúvida.

Essa Copa não foi a dos sonhos como a de 1970, mas também teve seus heróis e vilões.

Um desses heróis é o "Pequeno Pelé" Enzo Scifo, que ajudou e muito a Bélgica a conquistar um ótimo quarto lugar com suas jogadas de levantar o público. Mas teve uma grande ajuda do bom goleiro Pfaff, do atacante Ceulemans e de todos os outros. E no banco, um jovem goleiro que com certeza, dará muito o que falar, Michel Preud´Homme. Guardem esse nome.
Outro é o já citado Rummenigge. Juntamente com a Alemanha Ocidental, cresceu no momento certo, chegou a final e poderia ter sido o herói da Copa, se não fosse o Maradona. Mas teve outros bons jogadores ao seu lado como Brehme, Voller e especialmente, o jovem Lottar Matthâus, que teve participação decisiva naquela falta bem cobrada contra o Marrocos que impediu o vexame de voltar pra casa mais cedo.

Havia ainda a França, com seus bravos heróis que despediram-se dos Mundiais sem o tão sonhado título, mas fizeram boas atuações que são lembrados até hoje especialmente Platini, que levou o time as semifinais mas novamente foram derrotados pelos alemães. É muito azar, hein!!

Uma menção honrosa aos heróis mexicanos por terem levado o time entre os oito primeiros e colocado definitivamente o país no mapa do futebol e os heróis marroquinos por terem triunfado no mesmo lugar onde falharam miseravelmente em 1970. Sim, afinal de contas, quem imaginaria que o Marrocos terminasse em primeiro lugar de um grupo que tinha três fortes seleções e que passaram para as oitavas-de-final somente sendo eliminados pelos alemães por um gol magistral de falta? Coisa de heróis...

E o Brasil teve os dois lados nessa Copa. Apesar de muitos problemas na preparação, com dispensas traumáticas e brigas internas, mostrou que tinha também seus heróis. Um grande goleador, que foi o Careca, e um lateral que surgiu do nada e entrou pra história com seus belos petardos impossíveis, Josimar. Mas infelizmente também tinha um vilão que quase foi herói, que foi Zico. Tudo isso por causa de um pênalti defendido pelo goleiro Bats no tempo normal, que foi o herói daquele jogo naqueles malfadados pênaltis mais tarde. Mal sabíamos que esses pênaltis marcaram o início de uma longa freguesia brasileira para os franceses...

Já as decepções foram muitas. A Itália não era nem sombra daquela de 1982 e Paolo Rossi nem jogou naquela Copa, decepcionando os mexicanos que queriam ver aquele cara que mudou a história do futebol mais de pertinho. O Uruguai também foi apenas uma sombra do que era antigamente, só sendo lembrado por duas coisas: a sapatada que levou da Dinamarca de 6 x 1 e a botinada mais rápida do oeste, ops, da Copa que proporcionou ao volante José Batista ser expulso aos 53 segundos de jogo contra a Escócia. Nem sujou a roupa...

A Dinamarca, de certa forma, também faz parte do rol das decepções. Fez aquela primeira fase de sonhos, derrotando todo mundo e sendo a sensação da Copa. Estava a ponto de bala pra ser aquele campeão perfeito e... me leva uma sapatada da Espanha de 5 x 1 daquelas de demitir técnico e abrir uma crise sem precedentes em qualquer time de futebol do mundo. Encheu 20 litros de leite e chutou o balde...

Mas Portugal merece um parágrafo a parte graças ao famoso Caso Saltillo. A história é a seguinte: os jogadores faziam propagandas de marcas esportivas pra Federação Portuguesa e não levavam um tostão no bolso e pra piorar as coisas, os "gênios" dos dirigentes decidiram fazer uma escála em Dallas, onde ficaram alguns dias discutindo onde a Seleção Portuguesa deveria ficar. Escolheram Saltillo como a sede da equipe. Lá chegando, os jogadores descobriram que o campo de treinamento era esburacado e horrível. Mas tiveram que treinar assim mesmo.
A zorra era tão grande que os jogadores eram entrevistados no MEIO dos treinos e não havia privacidade no hotel. Ganharam bem da Inglaterra e os jogadores então cobraram todos os prêmios atrasados dos dirigentes, que tinham prometido isso desde as Eliminatórias. Os dirigentes deram uma enrolada neles e os jogadores não tiveram escolha a não ser entrarem em greve. Não treinaram no dia seguinte e nos outros dias, viraram suas camisas em protesto contra essa atitude dos dirigentes. E logo aconteceu o que os jogadores mais temiam naquele campo horroroso. Num desses treinos, o bom goleiro Manuel Bento fraturou a perna ao pisar em um buraco e por causa disso, nunca mais conseguiu jogar futebol como antes. Toda essa balbúrdia deu no que tinha que dar. Uma eliminação prematura e um retrocesso na Seleção Portuguesa depois disso, onde vários jogadores daquela greve foram punidos duramente pelos dirigentes e somente "novatos obedientes" jogavam na Seleção. Tudo porque queriam os seus direitos como profissional respeitados...

Bom, sem mais o que falar, vamos a lista dos grandes artilheiros dessa Copa:

Com 6 Gols: Lineker (Inglaterra)

Com 5 Gols: Maradona (Argentina); Careca (Brasil); Butragueño (Espanha)

Com 4 Gols: Valdano (Argentina); Elkjaer-Larsen (Dinamarca); Altobelli (Itália); Belanov (União Soviética)

Com 3 Gols: Voller (Alemanha Ocidental); Ceulemans e Claesen (Bélgica); Jesper Olsen (Dinamarca)

Com 2 Gols: Allofs (Alemanha Ocidental); Burruchaga (Argentina); Scifo (Bélgica); Josimar e Sócrates (Brasil); Calderé (Espanha); Papin, Platini e Stopyra (França); Khairi (Marrocos); Quirarte (México); Cabañas e Romerito (Paraguai); Yaremchuk (União Soviética)

Com 1 Gol: Brehme, Matthaus e Rummenigge (Alemanha Ocidental); Djamel Zidane (Argélia); Brown, Pasculli e Ruggeri (Argentina); Demol, Vandenbergh, Vercauteren e Veyt (Bélgica); Edinho (Brasil); Guetov e Sirakov (Bulgária); Park Chang-Seon, Kim Jong-Boo, Huh Jung-Moo e Choi Song-Hoo (Coréia do Sul); Erikssen, Lerby e Michael Laudrup (Dinamarca); Strachan (Escócia); Eloy Olaya, Goikoetxea, Júlio Salinas e Señor (Espanha); Amoros, Fernandez, Genghini, Rocheteau e Tigana (França); Détari e Esterhazy (Hungria); Beardsley (Inglaterra); Ahmed Rhady (Iraque); Colin Clarke e Whiteside (Irlanda do Norte); Krimau (Marrocos); Flores, Hugo Sanchez, Negrete e Servín (México); Smolarek (Polônia); Carlos Manuel e Diamantino (Portugal); Aleinikov, Blokhin, Rats, Rodionov, Yakovenko e Zavarov (União Soviética); Alzamendi e Francescoli (Uruguai)

Gol Contra: Cho Kwang-Rae (Coréia do Sul) a favor da Itália

Notas da Copa: Foram marcados nessa Copa 132 gols em 46 jogos, com média de 2,54 por jogo. Uma média ruim...
O Canadá foi a única seleção a não marcar gols nessa Copa.
Nessa Copa, Papin, da França e Lineker, da Inglaterra marcaram respectivamente os gols de número 1200 e 1300 na história das Copas acertando uma bela cabeçada após um cruzamento da direita no caso de Papin e aproveitando uma jogada pela esquerda pra tocar pro fundo do gol no caso de Lineker.
E o próprio Lineker foi um dos quatro jogadores que chegaram ao hat-trick marcando três gols contra a Polônia. Os outros três foram: Elkjaer-Larsen (três gols contra o Uruguai), Belanov (três gols contra a Bélgica, que não salvaram os soviéticos do vexame de ir pra casa nas oitavas-de-final) e Butragueño (que caprichou e meteu quatro gols contra a Dinamarca). O "El Buitre" tava com muita fome de gols naquele dia...

Até a próxima, com a Copa de 1990, na Itália. Ciao!!!

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