sábado, 1 de maio de 2010

Artilharia da Copa do Mundo de 1982

Olá, pessoal!!!

Hoje seguimos a nossa série sobre as Copas do Mundo chegando a Copa de 1982, na Espanha. Uma Copa que os espanhóis presenciaram com um bom número de gols e jogos de tirar o fôlêgo. Viu também seleções pequenas surpreendendo, grandes decepcionando e envergonhando, e enfim momentos de todo tipo desde o cômico até o trágico.

Sim, amigos. E pensar que uma Copa mudaria tanto a história do futebol como essa. Uma Copa não, um simples hat-trick de um jogador é que mudou tudo. Dizem que a História quem faz ou quem transforma são as pessoas, e dependendo do que fazem serão sempre lembrados para o bem ou para o mal. Foi assim com Paolo Rossi e a Itália. Foi assim que um tri-campeão surgiu.

Até então, quem poderia imaginar que um time apenas esforçado e esquálido, que sofreu pra conseguir sua classificação pra segunda fase não jogando absolutamente nada ganharia o título? Ninguém. E ainda mais com um Brasil irresistível que jogava bonito e pra frente, que atacava sem medo e que dava espetáculo jogo após jogo destroçando seus adversários um a um.

Mas o futebol não é matemática e nem tampouco lógica. O Brasil fez seu papel de sempre, atacando e jogando bonito, mas a Itália foi que acabou a vencedora por ser mais eficiente e porque Paolo Rossi soube explorar as falhas defensivas e chegar ao hat-trick que desgraçou a Seleção Brasileira e que mudou totalmente a história do futebol. Com esse feito, encerrou um capítulo que valorizava o espetáculo e a beleza de um futebol bem jogado para o público e abriu imediatamente um outro, onde somente a vitória a todo custo é valorizada em detrimento de um jogo bem jogado.

Em outras palavras, as seleções e por consequencia os clúbes deixaram de jogar um futebol bonito para jogarem na maioria das vezes ou com o regulamento debaixo do braço ou um futebol pragmático e pouco criativo, somente buscando vencer de pouco ou empatar fora só pra garantir o emprego de seus treinadores.

Além do Brasil, outro representante do futebol-arte naquela Copa também não levou o título que foi a França. Mostrou futebol vistoso e bonito, mas também muitas falhas defensivas que protagonizaram inclusive gols rápidos, como o de Bryan Robson, da Inglaterra, por exemplo e ainda foi o responsável direto pela cena mais inusitada na história das Copas contra o Kuwait.
Após a França marcar um gol e o juíz validar, o falecido xeique Fahid Al-Ahmad Al-Sabah, que era presidente da Federação de Futebol do Kuwait na época, invadiu o campo e correu atrás do árbitro pra pedir a anulação do gol e surpreendemente o juíz Miroslav Stupar atendeu o pedido do excêntrico xeique.

E então, Platini, Giresse, Tiganá e seus companheiros viram os esforçados alemães os derrotarem nos pênaltis e chegarem a final. Talvez estivessem abalados com o que aconteceu com Battiston que levou uma entrada assassina do goleiro Schumacher. E o pior de tudo é que o juíz deu apenas tiro de meta pra Alemanha. Dá pra entender isso!!!

Críticas a parte, a Itália mereceu vencer essa copa porque cresceu nos momentos decisivos e fez a diferença contra os alemães-ocidentais na final sem falar também que tinha um verdadeiro comandante em campo, o goleiro Dino Zoff, o homem mais velho a erguer a taça com 40 anos de idade. E pensar que os africanos por pouco não mudaram a história dessa Copa...

Camarões ficou a um gol da vaga e a Argélia foi vítima de uma marmelada entre irmãos teutônicos. A Alemanha fez o gol cedo e depois ambas as equipes passaram o resto do jogo ensebando e carimbando a bola para eliminarem os argelinos da Copa. Bons destaques a Africa nos revelou como Roger Milla, Madjer e Belloumi que abriram o caminho para que outros idolos africanos surgissem futuramente.

Outros destaques positivos entre as seleções pequenas foram Honduras e Irlanda do Norte que fizeram uma boa Copa com final comovente e cruel para um e consagrador para o outro. Os hondurenhos ficaram a um pênalti infantil da classificação a segunda fase e todos choraram copiosamente no final a vaga perdida. É muita crueldade...
Já a Irlanda do Norte conseguiu ficar entre os 12 primeiros com dignidade e competência revelando bons jogadores como o veterano goleiro Pat Jennings, o meia Armstrong e o jovem Whiteside, que quebrou uma das marcas de Pelé sendo o mais jovem a jogar uma Copa do Mundo.

E a Polônia fez outro grande papel nessa Copa levando outro terceiro lugar na bagagem e consagrando um novo ídolo, Boniek.

Já as decepções foram grandes. Uma destas foi a Argentina, sem dúvida. Veio a Espanha com toda a banca de campeã e com seu esquadrão de craques, comandada pelo então jovem Diego Maradona e pelos veteranos Bertoni, Passarella e Kempes. Mas pouco fizeram e voltaram pra casa surrados por belgas, italianos e brasileiros. Nessa Copa, o Maradona é mais lembrado pela entrada criminosa em Batista que causou sua expulsão. Mas a redenção dele viria um dia...

E a Espanha também foi outra que não fez absolutamente nada. Classificou-se no sufoco na primeira fase e foi saco de pancadas na segunda fase merecendo esse papel de decepção.

Sem mais o que dizer, vamos aos artilheiros que deixaram a sua marca nessa Copa:

Com 6 Gols: Paolo Rossi (Itália)

Com 5 Gols: Rummenigge (Alemanha Ocidental)

Com 4 Gols: Zico (Brasil); Boniek (Polônia)

Com 3 Gols: Falcão (Brasil); Giresse (França); Kiss (Hungria); Armstrong (Irlanda do Norte)

Com 2 Gols: Fischer e Littbarski (Alemanha Ocidental); Assad (Argélia); Bertoni, Maradona e Passarella (Argentina); Schachner (Áustria); Éder Aleixo, Serginho Chulapa e Sócrates (Brasil); Wark (Escócia); Genghini, Platini, Rocheteau e Six (França); Fazekas, Nyilasi e Polóskei (Hungria); Bryan Róbson e Francis (Inglaterra); Hamilton (Irlanda do Norte); Tardelli (Itália); Panenka (Tchecoslováquia)

Com 1 Gol: Breitner, Hrubesch e Reinders (Alemanha Ocidental); Belloumi, Madjer e Menad (Argélia); Ardiles e Ramón Diaz (Argentina); Hintermaier, Krankl e Pezzey (Áustria); Coeck, Czerniatynski e Vandenbergh (Bélgica); Júnior e Oscar (Brasil); Mbida (Camarões); Letelier, Moscoso e Neira (Chile); Luís Ramirez (El Salvador); Archibald, Dalglish, Jordan, Robertson e Souness (Escócia); Juanito, López-Ufarte, Saura e Zamora (Espanha); Couriol, Girard, Soler e Tresor (França); Lainga e Zelaya (Honduras); Szentes, Toth e Varga (Hungria); Mariner (Inglaterra); Altobelli, Cabrini, Conti e Graziani (Itália); Gudelj e Petrovic (Iugoslávia); Al Buloushi e Al Dakhil (Kuwait); Summer e Woodin (Nova Zelândia); Díaz e La Rosa (Peru); Buncol, Ciolek, Kupcewicz, Lato, Majewski, Smolarek e Szarmach (Polônia); Bal, Baltacha, Blokhin, Chivadze, Gavrilov, Oganesian e Shengelia (União Soviética)

Gol Contra: Barmos (Tchecoslováquia) a favor da Inglaterra

Notas da Copa: Foram marcados 146 gols em 52 jogos, com média de 2,80 por jogo. Uma excelente média nos dias atuais...
A Hungria deixou uma marca até hoje não superada: a marca da maior goleada de todas as Copas, com um 10 x 1 em cima de El Salvador. Pena que não foram muito longe...
O jogador soviético Baltacha foi o autor do gol de número 1100 na História das Copas do Mundo contra a Nova Zelândia chutando no canto esquerdo do goleiro.
Em relação aos hat-tricks, foram quatro jogadores que chegaram ao feito. Além do mítico hat-trick do italiano Paolo Rossi (três gols contra o Brasil), muito bem citado no texto, chegaram também aos três gols no mesmo jogo Rummenigge, da Alemanha Ocidental (três gols contra o Chile), Boniek, da Polônia (três gols contra a Bélgica) e Laszlo Kiss, da Hungria (três gols contra El Salvador). Dois fatos rápidos sobre o hat-trick do húngaro: Ele foi o primeiro jogador a fazer isso saindo do banco de reservas e é o mais rápido da História das Copas, fazendo esses três gols em apenas sete minutos. Rapidinho, não...
A França chegou ao gol de número 50 na História das Copas marcado por Genghini contra a Áustria cobrando falta com perfeição.
Paul Breitner, com o pênalti que converteu contra a Itália, foi o terceiro jogador a marcar gols em duas finais de Copa do Mundo.
A Nova Zelândia se tornou o primeiro país da Oceania a marcar gols em Copas do Mundo juntando-se ao seleto grupo de países (Brasil, Coréia do Norte, Cuba, Egito, Estados Unidos e França) que foram os primeiros dos seus respectivos continentes a marcarem gols .

OBS: o xeique Fahid Al-Ahmad Al-Sabah foi um dos mortos na invasão iraquiana do Kuwait em 1990, cujo país foi anexado pelos iraquianos por 7 meses e que foi libertado pela coalizão liderada pelos Estados Unidos na Guerra do Golfo em 1991. Por isso o termo falecido nesse texto.

Até a próxima, com a Copa de 1986, no México. Volveremos Luego!!!!

2 comentários:

Douglas Nunes disse...

Parabéns pela pesquisa cara, blog muito bom.

Topa uma parceria de links?

Meus blogs
http://futpaixaoearte.blogspot.com/
http://futebolnabaixada.blogspot.com/

Mario Gayer do Amaral disse...

Irei dar uma olhada nos seus blogs sem dúvida. Sou um dos colaboradores mais novos aqui do blog do amigo Jorge Costa, mas caso interessar, o link do meu blog é www.diariodoamaral.blogspot.com

Um abraço.