terça-feira, 13 de abril de 2010

Artilharia da Copa do Mundo de 1966

Olá, pessoal!!!

Seguindo nossa série sobre a Copa do Mundo, chegamos agora a sua oitava edição que foi realizada na Inglaterra. Que Copa vergonhosa, meus amigos!!! A intitulada Copa da Pancadaria.

Uma das coisas que motiva um país a sediar a Copa do Mundo, além do dinheiro, é a possibilidade de ter uma ajudazinha dos arbitros. Mas a Inglaterra exagerou nisso e como!!

Teve um gol ilegal validado contra a França, os volantes ingleses bateram a vontade todo o tempo, (o francês Simon que o diga) e sem falar também do célebre "gol fantasma" na decisão contra a Alemanha Ocidental. Teve ainda um verdadeiro "assalto a mão apitada" sobre a Argentina onde o volante Rattín acabou sendo expulso por reclamar com razão das constantes entradas dos volantes ingleses nesse jogo, especialmente Norbert Stiles, que tinha quase quebrado Artime e Onega em um mesmo lance.
A Alemanha Ocidental também teve uma forcinha da árbitragem no jogo contra o Uruguai onde uma cabeçada do Pedro Rocha foi praticamente defendida pelo zagueiro Schnellinger da linha do gol. Pênalti claro nesse lance, sem dúvida, mas o juíz não marcou porque não quis. E o sarrafo comeu solto nessa partida por causa disso bem como o jogo contra a União Soviética onde os alemães bateram a vontade e só o atacante Chislenko foi expulso por revidar com um pontapé o seu marcador.

As duas seleções tinham jogadores muito bons como Bobby Charlton, Hunt, o bom Geoffrey Hurst e o eficiente Gordon Banks no gol da Inglaterra e pelo lado alemão, Uwe Seeler em grande fase, Haller e Held jogando bem, e dois novatos que sem dúvida serão bem falados nas próximas Copas, Overath e o Kaiser Franz Beckenbauer que com apenas 20 anos já fazia naquela época em que hoje a maioria dos volantes faz, que é desarmar mas acima de tudo armar e atacar com qualidade. Era um jogador a frente do seu tempo, sem dúvida.
Outras boas surpresas foram a União Soviética, que recuperou-se do desastre no Chile e terminou em um honroso quarto lugar, Portugal, que fez uma excelente Copa e terminou em terceiro lugar, revelando um bom time e um grande craque, o moçambicano Eusébio, e a surpresa das surpresas, a Coréia do Norte, que veio para ser o saco de pancadas e acabou sendo uma das equipes mais respeitadas nessa Copa. Botou a Itália na roda com a sua incrível velocidade tanto atacando como defendendo e deu um susto danado nos portugueses onde chegaram a meter 3 x 0 de saída e só não ganharam porque Eusébio estava em uma tarde irresistível. Sem falar no bom time húngaro, que reabilitou-se em definitivo naquela década fazendo outra boa participação e revelando outros bons jogadores como Bene e Meszoly.

Quanto as outras seleções, a maioria foi um fiasco, como a Espanha, a Itália e principalmente, o Brasil. E olha que fizeram cada trapalhada digna de Tabajara que vou te contar, hein!!! A Itália, por exemplo, contra a União Soviética praticamente jogou sem nenhum atacante. Tudo porque o "gênio" do técnico Edmundo Fabbri tirou os dois atacantes e colocou um volante e um lateral-esquerdo pra jogar porque o empate bastaria e assim venceria fácil os "fracos" coreanos, na opinião do "gênio" citado acima. Perdeu os dois jogos e voltou pra casa bombardeado junto com a equipe por uma chuva de tomates dos torcedores. Foi inventar e se deu mal.

Mas o Brasil foi o verdadeiro mestre em desorganização. Só pra ter uma idéia da bagunça, convocaram uma verdadeira tropa de jogadores só pra atender os estados onde estes jogavam, fizeram uma série de amistosos inúteis pela Europa e sairam cortando jogadores a torto e a direito. Muitos deles estavam em grande fase na época como Servilho, Amarildo e Carlos Alberto Torres que sem dúvida trariam mais qualidade técnica a equipe, mas foram preteridos por jogadores ou de qualidade duvidosa como Paraná, Silva e Denilson ou de idade muito avançada como Djalma Santos, Bellini e Garrincha, que estava muito longe daquele que encantou o mundo em 1962.
E pra piorar a situação, colocaram um certo Rudolf Hermanny como preparador físico, e o cara era um professor de... Judô e Caratê!!! Claro que não ía dar certo, mas mesmo assim os "gênios" acreditaram nisso, e deram com os burros n´agua.
E para piorar mais do que já estava, o Pelé se machucou de novo. Não por uma dorzinha muscular, mas por excesso de pontapés dos búlgaros e depois dos portugueses, que praticamente o tiraram do jogo e acabaram com as esperanças dos brasileiros naquela Copa. Essa foi a pior campanha brasileira da História das Copas e a pior de um time que defendia o título até então.

Não foi apenas a vitória inglesa que marcou essa Copa, mas também marcou para sempre o surgimento do futebol-força. Não aquela de dar porrada, mas o futebol de força física e de conjunto onde todos se ajudam na marcação e no ataque.

Vamos agora aos artilheiros da Copa sem mais demoras:

Com 9 Gols: Eusébio (Portugal)

Com 6 Gols: Haller (Alemanha Ocidental)

Com 4 Gols: Beckenbauer (Alemanha Ocidental); Bene (Hungria); Hurst (Inglaterra); Porkuyan (União Soviética)

Com 3 Gols: Artime (Argentina); Bobby Charlton e Hunt (Inglaterra); José Augusto e Torres (Portugal); Malofeev (União Soviética)

Com 2 Gols: Seeler (Alemanha Ocidental); Marcos (Chile); Pak Seung Zin (Coréia do Norte); Meszoly (Hungria); Chislenko (União Soviética)

Com 1 Gol: Emmerich, Held e Weber (Alemanha Ocidental); Onega (Argentina); Garrincha, Pelé, Rildo e Tostão (Brasil); Asparukhov (Bulgária); Li Dong Won, Pak Doo Ik e Yang Sung Kook (Coréia do Norte); Amancio, Fusté, Pirri e Sanchis (Espanha); De Bourgoing e Hausser (França); Farkas (Hungria); Peters (Inglaterra); Barison e Sandro Mazzola (Itália); Borja (México); Simões (Portugal); Quentin (Suíça); Banichevski (União Soviética); Cortês e Pedro Rocha (Uruguai)

Gols Contra: Davidov e Vutzov (Bulgária) a favor de Hungria e de Portugal respectivamente.

Notas da Copa: Foram marcados novamente 89 gols em 24 jogos, repetindo a mesma média da Copa anterior, bem como a mesma preocupação em bater do que em fazer gols...
A Coréia do Norte não só fez uma ótima campanha naquela Copa como também deixou duas marcas muito interessantes: foi a primeira seleção asiática a marcar gols na História das Copas e o seu jogador Pak Seung Zin foi o autor do gol número 700 da história das Copas do Mundo no jogo contra o Chile aproveitando um contra-ataque em alta velocidade.
E nessa Copa também ocorreu um feito que persiste até hoje. O de dois jogadores do mesmo time marcarem gols contra numa mesma Copa do Mundo, que foram os búlgaros Davidov e Vutzov. Um feito não muito de se orgulhar...
E em relação aos hat-tricks, dois jogadores atingiram o feito: Eusébio, de Portugal (quatro gols contra a Coréia do Norte) e Hurst, da Inglaterra (três gols contra os alemães na final sendo que até hoje este é o unico hat-trick em Final de Copa do Mundo). Se bem, que em um deles, a bola não entrou...
E em relação aos goleiros, Gordon Banks foi o primeiro goleiro a ultrapassar a barreira dos 400 minutos sem tomar gols e somente sofreu o primeiro gol nas semifinais contra Portugal marcado por Eusébio cobrando pênalti.

Bem, até a próxima, com a Copa de 1970, no México. Adiós!!!!

Um comentário:

ARQUIVO CFEL disse...

Para nós,portugueses,esse Mundial é inesquecivel.Foi a primeira vez que a selecçâo se apurou para a grande prova,com o resultado que se sabe.Eu penso que história desse Mundial sem Portugal e Eusébio seria muito mais triste,porque o Brasil esteve irreconhecível e a Inglaterra e a Alemanha não encantaram por ai além.Sem falar nos fiascos das sempre favoritas Argentina e Itália