sexta-feira, 9 de abril de 2010

Artilharia da Copa do Mundo de 1962

Olá, Pessoal!!!

Seguindo a nossa série sobre a Copa do Mundo, chegamos a sua sétima edição em 1962 ocorrida no Chile. E essa copa por pouco não acontece devido a um forte terremoto que ocorreu dois anos antes pelas mesmas condições do de fevereiro passado que abalou o país. Matou 5000 pessoas e provocou fortes tsunamis que atingiram até mesmo o Japão. Uma catástrofe dessas seria o fim do sonho da Copa do Mundo para os chilenos se não fosse a obstinação e a coragem de um homem que comoveu a FIFA. Carlos Dittborn.

Toda essa coragem e essa incrível persistência deste homem salvou a Copa do Mundo, porém pagou um preço alto por isso que foi a sua própria vida.

E que todas as Seleções o homenagearam com uma Copa do Mundo de bons jogos e de grandes emoções. Mas marcado também pelo recrudescimento do futebol violento e de muita pancadaria. Que o digam italianos e chilenos na célebre "Batalha de Santiago" que foi provocada por um infeliz artigo do jornalista Corrado Pizzinelli que criticou asperamente o Chile como país e violentamente os organizadores do Mundial. Lógico que o estrago já estava feito e os chilenos ficaram furiosos. E teve de tudo nessa partida: voadora no peito e no pescoço (David em Leonel Sanchez e o italiano foi expulso), pontapé bem dado na perna (o chileno Landa no italiano Mora), soco no nariz de um jogador (Leonel Sanchez em Maschio), pontapé com bola e tudo no adversário (os mesmos do lance anterior só que ao contrário) e uma patada forte no joelho (Ferrini em Landa, sendo que o italiano foi expulso). E é claro, entre um golpe e outro, o Chile fez dois gols.

E muitas vítimas foram feitas desse verdadeiro "torneio de gladiadores". O caso mais grave foi o do russo Dubinski que quebrou a tíbia e o perônio da perna direita em uma entrada assassina do ponteiro iugoslavo Mujic. A entrada foi tão violenta que o russo nunca mais pôde jogar futebol e indignado com tudo isso, o técnico iugoslavo simplesmente cortou o jogador do time e do plantel, mandando-o de volta para Belgrado. Uma entrada digna de um marginal, sem dúvida.

Mas, felizmente, nem todo mundo foi inscrito pra esse "novo Ultimate Fighting". Muitas seleções somente se preocuparam em jogar bola e mostraram boas credenciais. Uns recuperaram a sua dignidade como a Hungria e a Inglaterra, que chegaram entre os oito primeiros, a Tchecoslováquia, que conseguiu um ótimo vice-campeonato com uma boa equipe comandada por Masopust em campo e até mesmo o México entrou nessa lista pelo fato de ter conseguido sua primeira vitória. Já outros foram uma decepção só como no caso da Espanha, que veio cheia de astros mas sem a coletividade e a atitude de jogar uma Copa. Parece uma certa seleção que só brincou em uma Copa dessas e não mostrou nem raça...
O Uruguai e a Argentina foram um fiasco também. Em especial os hermanos de Buenos Aires. Que foram eliminados de novo vergonhosamente. Não levaram goleada, mas não fizeram um mísero gol em uma Hungria com 10 em campo. (Gorocs sofreu distensão muscular).
E de certa forma, a União Soviética. Avançou no sufoco e acabou eliminado pelo Chile em uma tarde trágica para Yashin, que falhou feio nos dois gols. Isso sem falar no célebre gol olímpico que tomou do colombiano Marcos Coll, o único dessa forma até hoje. Uma Copa para se esquecer, sem dúvida.

E o Brasil? Esse mereceu o título com justiça. Veio ao Chile com a desconfiança de todo mundo pelo fato de manterem o mesmo time agora 4 anos mais velho e para piorar as coisas, o Pelé se machucara gravemente contra a Tchecoslováquia. Como no seriado Chapolin, a torcida brasileira estava tão desesperada como a mocinha da série. "Oh!! E agora, quem poderá levar o Brasil ao bi-campeonato?" Felizmente, alguem gritou: Eu!! E a torcida brasileira gritou: É o Garrincha!!!

Realmente, os adversários não contavam com a astúcia do Garrincha. E fizeram de tudo para marcá-lo em sua jogada característica de driblar na ponta e cruzar pra área. Mas Garrincha tinha truques novos na manga como por exemplo bater faltas, chutar forte de fora da área, cabecear e marcar gols com o pé ruim. Fez tudo isso em dois jogos e praticamente deu o título ao Brasil pela segunda vez na História das Copas do Mundo. Não sem antes levar um drible de um cachorrinho no jogo contra a Inglaterra, claro.

E foi a Iugoslávia quem fez o artilheiro, embora sendo reconhecido somente em 1990 graças a uma correção da súmula do jogo contra a Colômbia que será mostrado sem mais delongas com os outros:

Com 5 Gols: Jerkovic (Iugoslávia)

Com 4 Gols: Garrincha e Vavá (Brasil); Leonel Sanchez (Chile); Florian Albert (Hungria); Valentin Ivanov (União Soviética)

Com 3 Gols: Amarildo (Brasil); Tichy (Hungria); Scherer (Tchecoslováquia)

Com 2 Gols: Seeler (Alemanha Ocidental); Ramirez, Rojas e Toro (Chile); Flowers (Inglaterra); Bulgarelli (Itália); Galic (Iugoslávia); Chislenko e Ponedelnik (União Soviética); Sasia (Uruguai)

Com 1 Gol: Brulls e Szymaniak (Alemanha Ocidental); Facundo e Sanfilippo (Argentina); Pelé, Zagalo e Zito (Brasil); Asparukhov (Bulgária); Aceros, Coll, Klinger, Rada e Zuluaga (Colômbia); Adelardo e Peiró (Espanha); Solymosi (Hungria); Bobby Charlton, Greaves e Hitchens (Inglaterra); Mora (Itália); Melic, Radakovic e Skoblar (Iugoslávia); Del Aguilla, Díaz e Héctor Hernandez (México); Wuhtrich (Suíça); Kadraba, Masek, Masopust e Stibranyi (Tchecoslováquia); Mamykin (União Soviética); Cabrera e Luís Cubilla (Uruguai)

Notas da Copa: Nesta Copa foram marcados 89 gols em 24 jogos com média de 2,78 por partida, muito inferior a de 1958, se preocuparam mais em bater do que fazer gols....
O Uruguai foi a quarta seleção a atingir o gol de número 50 em Copas do Mundo. O gol foi marcado por Sasia contra a União Soviética em um chute da entrada da área após rebatida em uma cobrança de falta.
Nessa copa, aconteceu o único gol olímpico marcado até hoje (para maiores detalhes sobre esse feito, ver o texto acima).
E nessa Copa, ocorreu o segundo gol mais rápido da história das Copas marcado pelo tcheco Masek, aos 20 segundos de jogo contra o México.
Somente dois jogadores nessa Copa do Mundo atingiram o hat-trick, ambos do Leste Europeu. Albert, da Hungria (três gols contra a Bulgária) e o próprio Jerkovic (três gols contra a Colômbia). O interessante é que o feito do iugoslavo só foi reconhecido em 1990, junto com a artilharia.
Falando ainda em Jerkovic, ele também foi o autor do gol número 600 da História das Copas contra o Uruguai aproveitando um lançamento de Sekularac e chutando no canto. Pena que depois desse gol histórico, o jogo terminou também em pancadaria.
E nessa Copa o brasileiro Vavá tornou-se o primeiro jogador a marcar gols em duas finais de Copa do Mundo.

Até a próxima, com a Copa de 1966, na Inglaterra. See yours later!!!

3 comentários:

SILVIORIBEIRO disse...

Estive olhando no site da FIFA, e lá não possui esta correção, sobre a adição de mais um gol para o Iugoslávo. Quem está certo?

Mario Gayer do Amaral disse...

Bem, isso é meio complicado. É meio difícil confiar em algumas fontes. No Gazeta Esportiva mesmo dois dos gols da Iugoslávia foram atribuidos ao Popovic mas na verdade foi um do Melic e outro do Galic. Mas há um porém aqui. A Fifa realmente oficializou este gol em 1990 e não em 1993 como escrevi. Talvez o funcionário lá da entidade deve ter se esquecido de corrigir na súmula esse gol. Mas o iugoslavo tem mesmo 5 gols. Mesmo assim, valeu pela sua observação, Sílvio. E continue nos brindando com as suas participações.

SILVIORIBEIRO disse...

Na verdade, os gols citados de Melic e Galic, são confirmados pela Fifa. Portanto, não desmerecendo a Gazeta Esportiva, creio serem estas informações as mais corretas, visto que são ratificadas pela própria organizadora da Copa. Sou um apaixonado por estatisticas, e faço parte da RSSSF Brasil, e sou especialista em tudo do futebol goiano. Se tiver qualquer material, sejam jogos oficiais, amistosos, etc,envolvendo clubes goianos , eu gostaria de recebê-los, através do meu e-mail.
Obrigado. Seu site é muito precioso para os amantes da boa informação.