Olá, pessoal!!!
Chegamos agora a penúltima Copa de nossa série, que foi realizada em 2002, no Japão e na Coréia do Sul.
Parafraseando novamente o presidente Lula, nunca na história das Copas do Mundo a zebra passeou tanto como nessa. Passeou é modo de dizer, simplesmente esse simpático animal desfilou pelos gramados japoneses e sul-coreanos mostrando a sua incrível variedade de "espécies" que habitam o planeta Terra.
Primeiro, temos a zebra americana representada pelos Estados Unidos. Essa zebra simplesmente derrubou dois considerados favoritos e queridinhos na Copa, Portugal e o rival México. Bem que tentou derrubar os alemães mas havia um Kahn no meio do caminho que os fez voltar pra casa. Mesmo assim, garantiram um feito nada desprezível: foi a melhor campanha de uma seleção que tinha sido lanterna na Copa anterior. Ultimo em 1998 e entre os oito melhores em 2002. Foi um prêmio merecido pra um país que se reerguia lentamente do maior atentado terrorista da História que causou centenas de vítimas e devastou um dos símbolos do poder econômico norte-americano, o World Trade Center. Guardadas as devidas proporções, poderia chamar essa campanha norte-americana na Copa de 2002 como "O Milagre Coreano", certamente daria um belo filme...
Depois, temos a zebra européia representada pela Turquia. Essa "versão européia" da zebra também fez suas vítimas no caminho. Uma dessas vítimas, o Japão, teve sua morte pranteada por seus adeptos e a outra, a Coréia do Sul, foi a vítima do goleador mais rápido do Oeste, ops, da História das Copas do Mundo, o descalibrado Sukur. Descalibrado sim. Tudo o que ele não fez em 540 minutos fez em apenas 11 segundos em uma roubada de bola e uma finalização perfeita. Mesmo assim, terminou em um surpreendente terceiro lugar. Mereceu todas as festas possíveis...
Agora, a zebra asiática representada pela própria Coréia do Sul e seus incríveis torcedores que "doparam" sua seleção de garra, raça e vontade de vencer. Até pouco tempo antes da Copa, aquele que acreditasse que a Coréia do Sul passaria pra Segunda Fase seria internado num manicômio por insanidade. Não só passou como ficou em um honradíssimo quarto lugar, fazendo vítimas importantes como os italianos e os espanhóis que reclamaram dos árbitros e fizeram chororô na Copa. O Guus Hiddink ganhou cerveja de graça pro resto da vida e a Coréia do Sul ganhou respeito do mundo pro resto da vida....
E por último, a zebra africana, representada pelo Senegal. Essa "versão africana" da zebra simplesmente atropelou dois campeões do mundo (França e Uruguai, se bem que esse último foi um meio-atropelo, digamos assim já que terminou empatado aquele jogo) e um vice-campeão do mundo (Suécia) antes de ser vítima da zebra européia turca. Tinha jogadores como Papa Bouba Diop, o bom goleiro Sylva e o driblador El Hadji Diouf, que certamente cansou de deixar adversários sentados no chão nessa Copa.
Ah, e uma menção honrosa para duas zebras mais experientes que jamais se enfrentaram e fizeram uma das mais improváveis finais de Copa da história, o Brasil e a Alemanha. (Cá pra nós, alguem acreditava em Brasil x Alemanha na final da Copa?)
Sim, essas duas seleções embora tradicionais e campeãs, foram consideradas zebras pelo péssimo retrospecto de ambos antes da Copa. O Brasil apanhou de meio mundo nas Eliminatórias, teve a proeza de perder para Honduras na Copa América, teve quatro técnicos seguidos, passou um sufoco pra ir a Copa e saiu do país com uma saraivada de críticas. A Alemanha teve o mesmo roteiro na Europa com uma pitada de crueldade dos ingleses, que o golearam por 5 x 1 em plena Berlim e tiveram que enfrentar uma dura repescagem para conseguir a vaga. Ambos pegaram bons grupos na primeira fase, ambos levaram sufoco da lingua inglesa nas quartas-de-final (Inglaterra e Estados Unidos) e ambos mostraram a autoridade contra "seus pupilos listrados" nas semifinais.
E ambos tinham ótimos goleadores: O Brasil, com a dupla dinâmica Ronaldo e Rivaldo e a Alemanha do "matador" Klose, que tinha uma arma mortal e eficiente para fazer gols, a sua incrível cabeça.
Em outras palavras, era a final apropriada para essa "Copa da Zebra".
Aqui nesse espaço não haverá as decepções costumeiras, mas as principais vítimas desses "simpáticos animais multi-coloridos". Três dessas vítimas foram prematuramente pra casa, Argentina, França e Portugal. Cada um por um motivo diferente.
A Argentina foi pra casa vitimada pelo pecado da soberba. Achou que o grupo estava no papo e que poderia vencer quando quisesse. Mas para seu azar encontrou um Beckham sedento de vingança pela desgraça ocorrida com ele em 1998 e uma Inglaterra com muita vontade de acabar com a empáfia dos hermanos. Os ingleses venceram, o Beckham teve a sua vingança marcando o gol da vitória e os argentinos mostraram outro pecado capital contra a Suécia, a ira representada por um Caniggia aos berros mandando o juíz praquele lugar onde o sol não bate e conseguindo a façanha de ser expulso sem entrar em campo. Pelo menos não precisou tomar banho...
A França, por sua vez, foi vitimada pela sua incrível falta de pontaria. Só pra ter uma idéia, os franceses conseguiram a proeza de carimbar a trave em todos os jogos da Copa, foram oito bolas na trave ao todo. Mas como diria o grande músico do Skank Samuel Rosa, bolas na trave não alteram o placar e com isso, foram pra casa com o pior retrospecto de um campeão que defendia o título na História das Copas onde levou biabada de todo mundo sem reagir, ou seja, sem uma vitória e sem um mísero golzinho. A França em 2002 pareceu aquele menino de colégio com o cartaz de "Me Chute" nas costas e seus coleguinhas claro, o chutaram sem dó...
E Portugal foi vítima de sua impaciência. Até que a equipe estava bem no grupo, levou três gols dos americanos, é verdade, mas fez quatro na Polônia e poderia conseguir a vitória tranquilamente sobre a Coréia do Sul. Poderia, se seus jogadores tivessem mais paciência para jogar bola ao invés de reclamar, de dar entradas violentas e de dar soco no estômago do árbitro como fez João Pinto após ser expulso. Os coreanos tiveram essa paciência toda pra vencer e mandaram os portugueses de volta pra Lisboa pra esfriarem a cabeça.
E uma menção honrosa pra Itália, que conseguiu uma façanha onde outros países tentaram e não conseguiram: perder para as duas Coréias. Mais do que isso, conseguiu a proeza de fazer esses países, que são inimigos ideológicos, compartilharem um feito em comum juntas comemorando com muita massa e muita pizza de calabresa...
E depois desse "verdadeiro Animal Planet" que foi essa Copa de 2002, vamos aos artilheiros:
Com 8 Gols: Ronaldo (Brasil)
Com 5 Gols: Klose (Alemanha); Rivaldo (Brasil)
Com 4 Gols: Tomasson (Dinamarca); Vieri (Itália)
Com 3 Gols: Ballack (Alemanha); Wilmots (Bélgica); Morientes e Raúl (Espanha); Robbie Keane (Irlanda); Pauleta (Portugal); Papa Bouba Diop (Senegal); Larsson (Suécia); Mansiz (Turquia)
Com 2 Gols: Ronaldinho (Brasil); Ahn Jung-Hwan (Coréia do Sul); Ronald Gomez (Costa Rica); Hierro (Espanha); Donovan e McBride (Estados Unidos); Owen (Inglaterra); Inamoto (Japão); Borgetti (México); Cuevas (Paraguai); Henri Camara (Senegal); Davala e Sás (Turquia)
Com 1 Gol: Fortune, McCarthy, Nomwethe, Radebe e Teboho Mokoena (África do Sul); Bierhoff, Bode, Jancker, Linke, Neuville e Schneider (Alemanha); Batistuta e Crespo (Argentina); Sonck, Van Der Heyden e Walem (Bélgica); Edmílson, Júnior II e Roberto Carlos (Brasil); Eto´o e Mboma (Camarões); Hwang Sun-Hong, Lee Eul-Yong, Park Ji-Sung, Seol Ki-Hyeon, Song Chong-Guk e Yoo Sang-Chul (Coréia do Sul); Parks, Wanchope e Maurício Wright (Costa Rica); Olic e Rapaic (Croácia); Rommedahl (Dinamarca); Delgado e Mendez (Equador); Acimovic e Cimirotic (Eslovênia); Mendieta e Valerón (Espanha); Mathis e O´Brien (Estados Unidos); Beckham, Campbell, Ferdinand e Heskey (Inglaterra); Breen, Duff e Holland (Irlanda); Del Piero (Itália); Hidetoshi Nakata, Morishima e Suzuki (Japão); Blanco e Torrado (México); Aghahowa (Nigeria); Arce, Campos e Roque Santa Cruz (Paraguai); Kryszalowicz, Olisadebe e Zewlakow (Polônia); Beto e Rui Costa (Portugal); Beschastnyck, Karpin, Sychev e Titov (Rússia); Diao e Fadiga (Senegal); Alexandersson e Anders Svensson (Suécia); Bouzaiene (Tunísia); Emre, Korkilmaz e Sukur (Turquia); Darío Rodriguez, Forlan, Recoba e Richard Morales (Uruguai)
Gols Contra: Puyol (Espanha) a favor do Paraguai; Agoos (Estados Unidos) a favor de Portugal; Jorge Costa (Portugal) a favor dos Estados Unidos
Notas da Copa: Foram marcados 161 gols em 64 jogos, com média de 2,5 por partida. Média razoável pelas surpresas que teve...
A China, a Arábia Saudita e a França (ooohhh!!) não marcaram gols nessa Copa.
Nessa copa, Hakan Sukur anotou o gol mais rápido da História das Copas, com 11 segundos de jogo contra a Coréia do Sul. (Ver texto acima para mais detalhes desse gol)
No jogo Estados Unidos 3 x 2 Portugal houve dois registros importantes: o do gol 1800 da História das Copas do Mundo marcado pelo português Beto aproveitando uma rebatida errada de Mastroeni e chutando no canto e foi a única partida até hoje a ter dois gols contra em um mesmo jogo, marcados pelo zagueiro norte-americano Agoos e pelo português Jorge Costa (não confundir com o nosso companheiro e colega fundador do blog!!)
E o gol 1900 também chegou nessa Copa do Mundo marcado pelo italiano Christian Vieri contra a Coréia do Sul aproveitando um escanteio cobrado por Totti para marcar de cabeça.
Em relação aos hat-tricks foram dois os jogadores que chegaram a esse feito: o alemão Klose (três gols contra a Arábia Saudita) e o português Pauleta (três gols contra a Polônia), sendo o último jogador a chegar esse feito até o momento.
Bem, até a próxima e última, com a Copa de 2006, na Alemanha. A série está próxima do fim (pelo menos até 11 de Junho, eheheheh!!!)
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