Olá, pessoal!!!
Seguindo nossa série, chegamos a Copa do Mundo de 1994, realizada nos Estados Unidos. Houve mudanças e um temor em apenas quatro anos. Parafraseando o presidente Lula, nunca na história desse mundo houve mudanças tão rápidas e com repercussões tão sentidas como essas. Pra começo de conversa, a União Soviética deixou de existir somente um ano depois da sua última participação em Copas tornando-se, com isso, 15 nações independentes a partir de 1991. A Alemanha conseguiu sua reunificação após 40 anos dividida e com o temor de que os fantasmas do seu passado voltassem a assustar o mundo. Felizmente os alemães recuperaram o orgulho de torcer por sua seleção.
A Tchecoslováquia deixou de existir em 1993 após um plebiscito pacífico separando-a em duas repúblicas independentes, A República Tcheca e a Eslováquia.
E a Iugoslávia praticamente se esfacelou nesses quatro anos com uma guerra sangrenta e cruel que arrasou famílias, que destruiu muitos talentos de futuro, que traumatizou as mulheres devido aos estupros constantes e mais do que isso, acabou praticamente com o bom futebol daquele país.
É fato dizer que esse esfacelamento no futebol sérvio continuou até 2006, onde durante a Copa da Alemanha, a Seleção que estava em campo, não existia mais como um país.
E com tantas mudanças assim, transformaram radicalmente o mapa do futebol, nascendo novos países e novas seleções que dariam muito o que falar futuramente.
E havia um temor muito grande em relação a Copa ser realizada em um país que o futebol não era paixão nacional, com exceção das mulheres, que se tornaram anos mais tarde, o time a ser batido no futebol feminino.
Vale lembrar também que naquele ano havia a concorrência bastante grande com outros esportes de paixão nacional dos norte-americanos como por exemplo a NBA que se encontrava naquele ano de 1994 na grande final que era o Houston Rockets do pivô Hakeem Olajuwon contra o New York Knicks do pivô Pat Ewing.
Trocando em miúdos, a Copa tinha tudo para dar errado. Mas acabou tendo um belo sucesso graças a uma brilhante contribuição dos norte-americanos para o futebol: o seu espetáculo fora dele, arte em que são mestres.
E os norte-americanos não decepcionaram seu torcedor. Ficaram entre os 16 melhores e só caiu contra o Brasil em um jogo difícil, onde venderam caro a derrota para o grande campeão daquela Copa. E protagonizaram indiretamente um dos momentos mais trágicos da História das Copas, que foi a estúpida morte do zagueiro colombiano Escobar em Medellin que acabou crivado de balas só porque teve a infelicidade de marcar um gol contra ao tentar cortar uma jogada de ataque. Uma vida tirada por nada...
Outras seleções também fizeram a alegria de seus torcedores, como a do Brasil, que levou seu quarto título com méritos e garra assim como a Itália que chegou a final merecidamente, apesar de tecnicamente essas seleções produzirem muito pouco. Mas a diferença estava em dois Rs que foram decisivos naquela Copa: Romário e Roberto Baggio.
Com seus gols, levaram suas seleções á decisão que acabou nos angustiantes pênaltis. E no melhor estilo filme de faroeste, o bandido acabou morto pelo mocinho. No caso, Romário, o mocinho, acertou seu pênalti e Baggio, o bandido, não. Sem falar em Taffarel, que foi decisivo ao defender o pênalti de Massaro e ajudar a exorcizar dois fantasmas: o dos pênaltis e o do jejum de títulos.
Também podemos citar a Suécia e a Bulgária como belas surpresas daquela Copa. O primeiro fez um ótimo terceiro lugar e protagonizou belos duelos contra o Brasil tendo um timaço de jogadores como Brolin, Martin Dahlin, o jovem Henrik Larsson e o engraçadíssimo e competente Thomas Ravelli no gol. E o segundo "lavou a égua" nessa Copa onde até então não tinham ganhado um só jogo. Ganhou três jogos e dois deles contra adversários nada desprezíveis como a Alemanha e a Argentina. Revelou também seus bons jogadores como Lechkov, Sirakov e é claro, Hristo Stoichkov, um dos artilheiros daquela copa e um craque invejável.
Colocaria também a Holanda, com uma boa seleção comandada pelo Bergkamp, que teve que ser dopado pra poder viajar aos Estados Unidos por causa do seu medo terrível de aviões. E o Brasil quase morreu de medo desses holandeses. Se não fosse a falta que o Branco acertou, certamente a história seria outra.
A Romênia, que fez um bom papel e ficou entre os oito primeiros graças aos belos gols de Hagi e o oportunismo do Raducioiu. (A Argentina que o diga dessas jogadas do Hagi) e também a Arábia Saudita que honrou sua estréia em Copas do Mundo com uma obra-prima feita por Owairan no jogo contra a Bélgica onde partiu com a bola dominada, deixou meio time belga pelo caminho, botou o Preud´Homme no chão e tocou pro fundo do gol no melhor estilo Maradona.
Falando nisso, a Argentina merece um parágrafo a parte nesse post. Essa Copa teve para os hermanos o ADM e o DM (o Antes e o Durante de Maradona e o Depois de Maradona). Na era Antes e Durante de Maradona, a Argentina mostrou um belo futebol com jogadas rápidas e passes incríveis de um Maradona igualmente incrível e exuberante como em 1986. Seria campeã do mundo sem dúvida, mas...
Aí veio a punição devido a efedrina e veio então a era Depois de Maradona, onde a Argentina se mostrou perdida e sem rumo, sendo batida com facilidade por búlgaros e romenos. Ah, se o Maradona estivesse com eles...
Já a Alemanha unificada e a nova Rússia fracassaram redondamente nessa Copa. A primeira, apesar de ter chegado as quartas-de-final, jamais convenceu como time. Passou por muito sofrimento na primeira fase sendo salvos pela expulsão infantil do Etcheverry no jogo contra a Bolívia, pela falta de pontaria da Espanha e pelos frangos do goleiro Choi In-Young contra a Coréia do Sul. Contra a Bélgica, foi um sofrimento no fim do jogo com direito até a Preud´Homme na sua área quase marcando um gol de cabeça e que teve o seu grand finale tomando uma virada surpreendente dos búlgaros nas quartas-de-final.
E a Rússia não fez muita coisa nessa Copa a não ser aquele jogo inesquecível do Salenko contra Camarões fazendo seus cinco gols de quase todas as maneiras possíveis. De pênalti, de pé direito e de pé esquerdo. Só faltou marcar de cabeça para completar o massacre.
Bom, já que abri o jogo pros artilheiros, vamos a eles então:
Com 6 Gols: Stoichkov (Bulgária); Salenko (Rússia)
Com 5 Gols: Klinsmann (Alemanha); Romário (Brasil); Roberto Baggio (Itália); Kennet Andersson (Suécia)
Com 4 Gols: Batistuta (Argentina); Raducioiu (Romênia); Dahlin (Suécia)
Com 3 Gols: Bebeto (Brasil); Caminero (Espanha); Bergkamp (Holanda); Hagi (Romênia); Brolin (Suécia)
Com 2 Gols: Voller (Alemanha); Amin (Arábia Saudita); Caniggia (Argentina); Albert (Bélgica); Letchkov (Bulgária); Valencia (Colômbia); Hong Myong-Bo (Coréia do Sul); Goikoetxea (Espanha); Jonk (Holanda); Dino Baggio (Itália); Luís García (México); Amokachi e Amunike (Nigéria); Dumitrescu (Romênia); Knup (Suíça)
Com 1 Gol: Matthaus e Riedle (Alemanha); Al-Ghashiyan, Al-Jaber e Owairan (Arábia Saudita); Balbo e Maradona (Argentina); Degryse e Grun (Bélgica); Erwin Sanchez (Bolívia); Branco, Márcio Santos e Raí (Brasil); Borimirov e Sirakov (Bulgária); Embe, Omam-Biyick e Roger Milla (Camarões); Gaviria e Lozano (Colômbia); Hwang Sun-Hong e Jung Won-Seo (Coréia do Sul); Beguiristain, Guardiola, Hierro, Júlio Salinas e Luís Enrique (Espanha); Stewart e Wynalda (Estados Unidos); Roy, Taument e Winter (Holanda); Aldridge e Houghton (Irlanda); Massaro (Itália); Chaouch e Nader (Marrocos); Bernal e Garcia Aspe (México); Finidi, Siasia e Yekini (Nigéria); Rekdal (Noruega); Petrescu (Romênia); Radchenko (Rússia); Larsson, Ljung e Mild (Suécia); Bregy, Chapuisat e Sutter (Suíça)
Gol Contra: Escobar (Colômbia) a favor dos Estados Unidos.
Notas da Copa: Foram marcados nessa Copa 141 gols em 48 jogos, com média de 2,7 por jogo. Uma melhora sensível...
O segundo gol de Caniggia contra a Nigéria foi o de número 1500 na História das Copas do Mundo. E foi um bonito gol com um toque na saída de Rufai.
A Grécia foi a única seleção nessa Copa a não marcar gols. Quem sabe em 2010...
O Brasil foi a primeira seleção a chegar a marca miliária dos 150 gols em Copas do Mundo. E o felizardo a marcar esse gol foi o contestado Raí cobrando pênalti contra a Rússia. Um dos poucos lampejos do Raí que todos nós conhecemos...
Além do Brasil, a Alemanha também chegou a marca de 150 gols em Copas do Mundo. E o autor do feito é o atacante Riedle, chutando da entrada da área e contando com a colaboração do goleiro Choi In-Young.
A Espanha, nessa Copa chegou ao seu gol de número 50 marcado por Luis Enrique contra a Suíça aproveitando uma jogada trabalhada e chutando no canto.
E em relação aos hat-tricks, foram dois que chegaram ao feito: o argentino Batistuta (três gols contra a Grécia) e é claro, o russo Salenko (cinco gols contra Camarões que o colocaram como o jogador que mais gols fez em um só jogo na História das Copas)
E nesse mesmo jogo, Roger Milla também fez história com seu único gol naquela Copa ao ser o jogador mais velho a alcançar o feito com 42 anos de idade. Não faltou a dançadinha na bandeirinha de escanteio...
E uma última curiosidade sobre Camarões: Foi o terceiro país que teve o jogador mais novo e o mais velho a marcar gols numa mesma Copa. O mais novo foi David Embe, que marcou o gol contra a Suécia com apenas 20 anos de idade. Os outros dois países que tiveram o jogador mais novo e o mais velho a marcarem gols numa mesma Copa foram o Brasil em 1966 (Tostão com 19 anos e Garrincha com 32 anos) e a Hungria em 1982 (Poloskei com 20 anos e Fazekas com 34 anos).
Até a próxima, com a Copa de 1998, na França. Au revoir, mes amis!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário