Olá, pessoal!!!
Seguindo em nossa série sobre a Copa do Mundo, chegaremos agora na sua sexta edição que se realizou na Suécia em 1958. Se tivéssemos que contar a história dessa Copa, poderíamos dividí-la em quatro blocos: americano, britânico, socialista e o democrático europeu.
Primeiro, o bloco americano. Nesse bloco, somente o Brasil honrou as cores como deveria, conquistando o título e se impondo definitivamente como o "cachorro grande" no futebol. Mas não sem sofrimento e sem desconfianças, claro. Se pudessemos ter um "marco zero" para o nascimento do Brasil como nação futebolística, esse marco seria os três minutos mais belos da história do futebol segundo o jornalista francês Gabriel Hannot. Os primeiros de muitos minutos alegres ao longo dos anos, sem dúvida. Duas bolas na trave e um gol contra a União Soviética, cada lance em 60 segundos!!! Nem o Nicolas Cage faria melhor que isso!!!
Quanto aos outros membros desse bloco, foram um fracasso total. Nenhum deles passou na primeira fase e a Argentina ainda levou uma sacolada humilhante da Tchecoslováquia por 6 x 1. E ao chegar a Buenos Aires, os jogadores foram recebidos a pedradas e a moedas de um peso pelos seus torcedores. Coitado do Angel Labruna, que teve um fim patético em sua brilhante carreira.
Segundo, o bloco britânico. Esse foi o mais surpreendente de todos pelo fato dos franco-favoritos ingleses e escoceses ficarem de fora das oitavas e os "patinhos feios" galeses e norte-irlandeses ficarem entre os oito primeiros em 1958. E pensar que por muito pouco o País de Gales e a Irlanda do Norte não foram a essa Copa. A Irlanda do Norte por motivos religiosos pelo fato dos anglicanos não praticarem esportes aos domingos mas o clero local deu uma força pros jogadores abençoando-os para um bom desempenho na Copa que deu certo, aliás. Já País de Gales foi abençoado também. Não pelos padres, mas pela sorte. Tudo porque na Asia, ocorria um baita problemão. Ninguém queria enfrentar Israel por uma vaga na Copa, então para evitar o que ocorreu em copas anteriores onde a política respingava no futebol, a FIFA resolveu então virar a mesa e fazer um novo sorteio com todas as seleções que não se classificaram nas eliminatórias e o escolhido enfrentaria Israel. E a sorte sorriu para os galeses. E eles não decepcionaram na sua segunda chance. Derrotaram Israel e fizeram bonito na Copa, inclusive dando um trabalhão danado pro Brasil que só os derrotou graças ao primeiro gol de Pelé em Copas do Mundo.
Agora, o bloco socialista. Surpreenderam mais pelo mistério do que pelo futebol jogado, embora russos e iugoslávos tenham chegado entre os oito primeiros. Os russos (soviéticos na época) diziam deles que eram programados por computador, que tinham fôlego de robô e "Pilhas Duracell" pra correr por várias horas sem sentir cansaço, enfim que tinham um futebol considerado o mais avançado "cientificamente" do mundo. Só que se esqueceram de avisar pro Brasil sobre essa "tecnologia" toda e seus CCCP nas suas camisas que mais pareciam aqueles antigos números de presidiarios que davam medo na gente!!! Mas o máximo que fizeram foi revelar boas táticas e um espetacular goleiro, Lev Yashin, o "Aranha Negra".
Quanto a Hungria, a fantasia infelizmente acabou em 1956 quando os mesmos russos esmagaram uma tentativa de revolução naquele país. Muitos morreram e os grandes jogadores como Puskás e Kocsis se exilaram em vários países europeus em protesto contra toda essa repressão. Resultado disso: Uma Hungria enfraquecida e um pouco covarde na Suécia.
E por fim, o bloco democrático europeu. Esse bloco deu show nessa Copa. Tanto que três destas seleções foram pras finais mostrando talento, categoria e raça. A Suécia fez bonito com um time de veteranos como Skoglund e Simonsson e só não foi campeã porque encontrou um Brasil em tarde irresistível. A Alemanha Ocidental a mesma coisa com Rahn, Schafer e um centroavante baixinho e parrudinho que causou ótima impressão em sua estréia, Uwe Seeler. Guardem esse nome, meus amigos!! Nós vamos ainda falar muito dele nas próximas postagens dessa série.
E por fim, a França. Uma seleção que nessa Copa foi o verdadeiro time do "vai ou racha". Uma defesa horrorosa que vazava todas mas em compensação tinha um ataque insinuante liderado por um belo goleador que mostraremos sem mais delongas com todos os outros:
Com 13 Gols: Just Fontaine (França)
Com 6 Gols: Rahn (Alemanha Ocidental); Pelé (Brasil)
Com 5 Gols: Vavá (Brasil); McParland (Irlanda do Norte)
Com 4 Gols: Tichy (Hungria); Hamrin e Simonsson (Suécia); Zikan (Tchecoslováquia)
Com 3 Gols: Schafer e Seeler (Alemanha Ocidental); Corbatta (Argentina); Kopa e Piantoni (França); Veselinovic (Iugoslávia)
Com 2 Gols: Mazzola (Brasil); Wisnieski (França); Kevan (Inglaterra); Petakovic (Iugoslávia); Allchurch (País de Gales); Aguero, Amarilla, Parodi e Romero (Paraguai); Liedholm (Suécia); Dvorak e Hovorka (Tchecoslováquia); Alexander Ivanov e Iylin (União Soviética)
Com 1 Gol: Cieslarczyk (Alemanha Ocidental); Ávio e Menendez (Argentina); Alfred Korner e Koller (Áustria); Didi, Nilton Santos e Zagalo (Brasil); Baird, Collins, Mudie e Murray (Escócia); Douis e Vincent (França); Bencsics, Bozsik e Sandor (Hungria); Finney e Haynes (Inglaterra); Cush (Irlanda do Norte); Ognjanovic e Rajkov (Iugoslávia); Belmonte (México); John Charles e Medwin (País de Gales); Cayetano Re (Paraguai); Gunnar Gren e Skoglund (Suécia); Fureisl (Tchecoslováquia); Simonian (União Soviética)
Notas da Copa: Foram marcados nesta Copa do Mundo 126 gols em 35 jogos, com média de 3,6 gols por jogo, boa para os padrões normais mas baixa em relação a 1954, que foi um absurdo realmente...
Just Fontaine é até hoje o maior goleador da História das Copas em um só torneio com seus 13 gols. Ele ainda fez dois hat-tricks (um contra o Paraguai e outro contra a Alemanha Ocidental chegando a quatro nesta partida) e igualou a marca de Kocsis obtida na Copa anterior. E pensar que o cara ganhou um fuzil de caça moderno como prêmio pela artilharia. E precisava mesmo sabendo que tinha um "fuzil mortal" em seus pés?
Pelé foi outro que também brilhou nessa Copa. Não somente foi o jogador mais jovem a marcar um gol como também o mais jovem a anotar um hat-trick (três gols contra a França). Belas credenciais para um reizinho...
A Alemanha (então Alemanha Ocidental) e a Hungria atingiram o gol de número 50 nessa copa marcados respectivamente por Rahn contra a França e por Tichy contra o México. O legal desses gols é que foram marcados através de belos chutes de fora da área para Tichy e de quase sem ângulo na risca da linha de fundo no caso de Rahn e o gol de número 500 na História das Copas do Mundo marcado por John Collins, da Escócia, foi marcado também por um chutaço de fora da área. Gol histórico tem que caprichar mesmo...
E quem disse que os goleiros iriam ficar de fora dessas notas? Porque foi nessa Copa que houve o primeiro goleiro a quebrar a marca dos 300 minutos sem tomar gols e foi o brasileiro Gilmar. Na verdade foi 369 minutos sem ser vazado e adivinha quem foi o primeiro? Justamente o Fontaine.
E para tristeza dos amantes do gol, o primeiro 0 x 0 apareceu na Copa do Mundo. E foi com o Brasil em campo enfrentando a Inglaterra. Nesse caso, os goleiros brilharam muito.
Até a próxima com a Copa de 1962, no Chile. Muchas Gracias!!!!
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